A carta da família Ungrad

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    São poucos os relatos históricos das famílias alemãs chegadas ao Brasil, bem como são escassos os documentos que contam de fato a história de uma família e a família Ungrad guarda consigo até os dias de hoje uma carta recebida do tio bisavô Emil Ungrad.
    A carta conta a vida difícil da família na Bohemia, as perdas precoces dos pais e irmãos, as perdas familiares sofridas pela primeira grande guerra e a expulsão das famílias alemãs do atual do território da República Tcheca. A carta traça todo o caminho da família desde o nascimento do imigrante Adolf Ungrad (e seus irmãos), até a década de 1960, demonstrando como a família acabou se espalhando pelo mundo. Além de se tratar de um árvore familiar, a carta traz um verídico relato histórico do que acontecia no início do século passado na Europa, principalmente na Bohemia, e toda dificuldade que o povo sofria.
    Quero agradecer ao primo Fábio Birck, por ter me procurado para descobrir mais sobre a carta e por ter gentilmente cedido a mesma para compartilhar com todos vocês.
A carta de Emil Ungrad

Tradução da Carta escrita por Emil Ungrad para seu sobrinho* (filho de Adolf Ungrad) 

Árvore genealógica da família UNGRAD de Katscher.

Adolf, (seu pai) nasceu em 13 de novembro de 1877 - emigrou para o Brasil e lá casou-se com Emilie (nascida Thomas). Adolf Ungrad faleceu 15 de julho de 1925 e sua esposa em 27 de maio de 1936.

Wilhelm, nasceu em 22 de junho de 1882; casou-se com Anna Nentsich em 20 de setembro de 1905; A Sra. Anna Ungrad faleceu em 22 de novembro de 1906. Casado pela segunda vez com Anna Schmid de Kunsendorf, em 10 de novembro de 1907. Wilhelm faleceu em 1960 (aos 78 anos).

Heinrich, nasceu em 3 de junho de 1885, casou-se com Liesl Herbst de Ditterubach (perto de Waldenburg), Silésia. Heinrich faleceu na Sérvia na Primeira Guerra Mundial em 1914.

    Além de nós cinco irmãos, Eduard, Emil, Adolf, Wilhelm e Heinrich, mais uma menina veio ao mundo, a Ida, que faleceu de uma doença infantil nos primeiros anos de sua vida. Também nasceram duas crianças natimortas. A pobre mãe teve partos muito difíceis, a ajuda médica geralmente chegava tarde demais e ela ficou tão debilitada pelos oito partos que faleceu aos 33 anos de idade. O pai era um homem saudável, mas faleceu três meses depois que a mãe de tifo. A pousada que nossos pais possuíam foi vendida. O irmão de nosso pai, Pio Ungrad, criou Adolf e Wilhelm. Adolf, seu pai, aprendeu a ser empresário. Como o tio não tinha filhos, Wilhelm assumiu a pousada nº 61 em Katscher.
    Eu e meu irmão Heinrich fomos criados pelo nosso tio Wilhelm Wanitschke (o tio era irmão do pai de minha esposa, Agnes), sua esposa era irmã de meu pai Eduard Ungrad. Então, eles eram os parentes mais próximos e também não tinham filhos.
    O irmão Heinrich está estudando carpintaria na faculdade técnica e, como já foi dito, casou-se com a filha de um mestre carpinteiro. Eles tiveram os seguintes filhos: Ingard, Ilse, Erna e Werner. O irmão faleceu na Sérvia na Primeira Guerra Mundial, seu filho Werner faleceu na Segunda Guerra Mundial e sua esposa faleceu na Alemanha. As três filhas vivem dispersas.
    Eu assumi a pousada nº 8 em Kunzerdorf de meu tio Wilhelm Wanitschke em 1º de janeiro de 1904. Antecipando o que estava acontecendo com os alemães na Bohemia, vendi a pousada em 1912 e me mudei para a Áustria com minha esposa e filhos.
    Um ano depois, meu irmão fez o mesmo e também comprou uma pousada na cidade vizinha. E o que eu esperava chegou, de 2 a mais de 3 milhões de pessoas são expulsas da Boêmia e da Morávia, com os silesianos e alemães orientais em muitas aldeias, restando apenas algumas casas. Com as malas na mão, eles tiveram que sair de casa e das suas fazendas (Hof). Muitos morreram por vontade própria.
    Portanto, eu e meu irmão Wilhelm somos seus tios verdadeiros, como irmãos de seu pai. Todos nossos ancestrais morreram com pouco menos ou com mais de 80 anos de idade. Por exemplo: 84, 81,61,64,80,74,81,79,75. Me perdoe a brevidade do relato, tive que dividir o espaço, senão a carta ficaria muito longa.

*o sobrinho que recebeu a carta não foi ainda não identificado, pois a carta não tem remetente nem destinatário.
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Schneider, Eduardo Daniel. [Nome da publicação] blog Memórias do Povo Rio-grandense, disponível em: https://eduardodanielschneider.blogspot.com/ Acessado em: [data do acesso]

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